UTILIZAçÃO DE AULAS EXPERIMENTAIS COMO RECURSO INSTRUCIONAL



Inês Maria Costa Brighente (PQ), Dilma Maria de Oliveira Marconi (PQ) e Tereza Cristina Rozone de Souza (PQ).


Departamento de Química, Centro de Ciências Físicas e Matemáticas, Universidade Federal de Santa Catarina.



Palavras- chave: ensino, química, cotidiano.



INTRODUçÃO: Nos últimos anos, o ensino de Química tem se reduzido a transmissão de informações, definições de leis isoladas, sem qualquer relação com a vida do aluno, exigindo deste, quase sempre, a pura memorização, restrita a baixos níveis cognitivos, geralmente consolidados por exames de vestibulares e em livros textos amoldados com esta situação. Enfatizam-se muitos tipos de classificações, como tipos de reações, ácidos, soluções e outros temas, que não representam aprendizagens significativas(1). Acredita-se que o ensino de Química deva contribuir para uma visão mais ampla do conhecimento, que possibilite melhor compreensão do mundo físico e para construção da cidadania, colocando em pauta, na sala de aula, conhecimentos socialmente relevantes, que façam sentido e possam se integrar à vida do aluno. Assim, a Química é uma ciência caracterizada por um “modo de pensar ”e um “modo de fazer”. Este trabalho foi desenvolvido dentro do curso de “Licenciatura Plena em Ciências Naturais e Matemáticas” oferecido aos professores da Rede Pública de Ensino pelo Programa Magister da Universidade Federal de Santa Catarina (Resolução 024/CEPE/96), através da disciplina de Instrumentação para o Ensino de Ciências. A disciplina foi oferecida em três polos do estado de Santa Catarina: São Francisco do Sul, Indaial e Imbituba, consistindo em 60 horas/aula em cada polo.

OBJETIVOS: O trabalho teve como objetivo capacitar o aluno a percepção dos fenômenos químicos e sua relação com fatos do cotidiano; desenvolver experimentos utilizando material alternativo e de baixo custo; motivar os alunos do Magister, professores de Ciências, para a produção de novos materiais que privilegiem atividades que levem os alunos à construção do conhecimento e relacionar o conteúdo desenvolvido experimentalmente com as demais áreas.

METODOLOGIA As aulas práticas foram desenvolvidas em dois módulos. 10 módulo: experimentos com materiais e reagentes comuns, usados pelos alunos da UFSC. Neste módulo, as aulas experimentais foram desenvolvidas, em condições semelhantes àquelas realizadas nos laboratórios de Química da UFSC, sendo abordados experimentos como: reação ácido-base, titulação ácido-base, preparo de soluções, métodos de separação de misturas, pilha de Daniell, etc. No 20 módulo, foi utilizado nos experimentos propostos materiais e reagentes encontrados no comércio em geral. Trabalhou-se experiências como: identificação do caráter ácido ou básico de substâncias comuns do cotidiano, chuva ácida, extração de indicadores: extrato de repolho roxo, beterraba, vinho, fenolftaleína do comprimido de lacto-purga, etc., produção de papel indicador, pilha do limão, corrosão do prego, um modelo de bafômetro, teor de álcool na gasolina, combustão da vela, reciclagem de lata de refrigerante, extração do óleo de soja, cromatografia de papel, condutividade elétrica de substâncias, entre outros. Procurou-se, assim, trabalhar em sala de aula, conhecimentos socialmente relevantes, que possam se integrar à vida do aluno, a fim de que ele possa estabelecer ligações com outros campos do conhecimento.

RESULTADOS: Cada experimento foi realizado em grupos de cinco alunos, os quais foram avaliados através de relatórios dirigidos. Verificou-se uma grande motivação e aproveitamento dos alunos no desenvolvimento de cada experimento proposto, os quais foram confirmados através das notas obtidas nos relatórios e pela participação nas aulas. Paralelamente, foi feita uma pesquisa de opinião junto aos alunos, visando correlacionar os dados de aprendizagem com a avaliação do curso e de seu próprio envolvimento. Segundo depoimentos dos alunos do Magister, constatamos que muitos professores (alunos do Magister) levaram experimentos desenvolvidos nesta disciplina para suas aulas, e acrescentaram que o conteúdo abordado nesta disciplina contribuiu em muito para o enriquecimento das mesmas. Opinaram, ainda que a disciplina experimental forneceu a eles uma maior segurança para desenvolver experimentos com seus alunos, e permitiu uma maior visão da química teórica vista em semestres anteriores durante o curso. Os resultados indicam que esta disciplina foi efetiva em motivar os docentes a refletirem positivamente sobre a adoção de aulas experimentais. Ressaltamos, que contamos com o QUIMIDEX, um laboratório de demonstração, experimentação e instrumentação em Química, um espaço dentro do Departamento de Química da UFSC, o qual serviu de suporte para esta disciplina na preparação de soluções, preparação dos diferentes materiais e na confecção e montagem dos diferentes equipamentos como: alambique, bafômetro, pilhas, etc.

CONCLUSÃO: Acreditamos que com esta disciplina contribuímos para a qualidade do ensino de Ciências, desde que estes professores desenvolvam e apliquem os conhecimentos e experimentos adquiridos durante o curso. Enfatizamos a importância da produção de novos materiais didáticos, e a interação dos conhecimentos abordados com a vida social do aluno. Acreditamos, ainda que de fato a formação e a capacitação do professor é um fator fundamental para a melhoria do ensino de uma forma geral.

BIBLIOGRAFIA

  1. Brasil. Ministério da Edução. Secretaria de Educação Média e Tecnológica.

Parâmetros Curriculares Nacionais: Ensino Médio.

2. Journal of Chemical Education.

  1. Química Nova.

  2. Química Nova na Escola.


MAGISTER / Depto de Química / UFSC