NOVA PROANTOCIANIDINA DO TIPO A2 E FLAVONÓIDES

DAS FOLHAS DE DIOCLEA LASIOPHYLLA


André Luís B. S. Barreiros1(PG); Jorge M. David 1(PQ); Luciano P. Queiroz3(PQ); Juceni P. David 2(PQ).

1Instituto de Química; 2Faculdade de Farmácia, Universidade Federal da Bahia,

40170-280, Salvador-BA. 3Departamento de Ciências Biológicas, Universidade Estadual de Feira de Santana-BA. (andrebsb@ufba.br).


Palavras-chave: Dioclea lasiophylla, flavonóides, atividade antioxidante


Dioclea lasiophylla Mart. ex Benth. é uma trepadeira da subfamíla Papilionoideae (Leguminosae) de ocorrência na costa nordeste do Brasil. D. lasiophylla e outras onze espécies pertencentes a esse gênero formam um grupo de plantas conhecidas popularmente como “feijão-bravo” ou “mucunã”. Essas plantas são utilizadas pela população local como analgésicos, para o tratamento de pedras nos rins e reumatismo1. Até o momento, não existem relatos prévios de estudos fitoquímicos de D. lasiophylla. Contudo, a partir de estudos de D. grandiflora, planta também conhecida como “mucunã”, foi isolada a diocleína, um flavonóide prenilado que apresenta atividade analgésica2 além de outros flavonóides3.

As folhas secas (404g) de um espécimen de D. lasiophylla, coletado no Campus da UEFS (BA), foram submetidas a maceração em MeOH. O extrato metanólico obtido foi então particionado repetidas vezes entre hexano/MeOH-H2O (9:1), CHCl3/MeOH-H2O (6:4), EtOAc/H2O e BuOH/H2O. O extrato EtOAc (6,9 g) foi submetido a CC sob sílica-gel eluindo-se com misturas de EtOAc/MeOH em grau crescente de polaridade. As frações coletadas foram reagrupadas em 5 novas frações com base em CCDC. A segunda fração (556 mg) foi submetida a permeação em gel de Sephadex LH-20, empregando CHCl3/MeOH (3:7) como eluente. Este procedimento forneceu a epigalocatequina-(27,48)-epicatequina (1) (163 mg), epicatequina (2) (59,2 mg) e o 2-metil-pentano-2,4-diol (3) (35 mg). A quarta fração (549 mg) foi submetida a CC em Poliamida 6 usando misturas de H2O/MeOH em ordem decrescente de polaridade. Da fração eluida com 70% de MeOH foram obtidos a luteolina 3’-b-D-glicopiranosídeo (4a) (128,3 mg) e o crisoeriol 7-b-D-glicopiranosídeo (4b) (22,7 mg).

As substâncias 2, 3, 4a e 4b foram identificadas através de dados de RMN 1H e 13C (PND, DEPT), EM e comparação com dados da literatura. A posição do açúcar em 4a e 4b foi determinada por análise de espectros no UV com adição de reagentes diagnósticos de deslocamentos. A substância 1 teve sua estrutura determinada por experimentos de RMN (uni e bidimensionais), EM, UV e DC. O FABMS positivo apresentou o íon quasi-molecular em m/z= 593, e a fórmula molecular C30H24O13 foi confirmada pelos resultados de análise elementar. A configuração relativa foi determinada por experimentos de “nOe diff” e configuração absoluta obtida através do sinal do Efeito Cotton obtido pela curva de DC comparando com dados da literatura4.

Tanto a epicatequina quanto a luteolina 3’-b-D-glicopiranosídeo e o crisoeriol 7-b-D-glicopiranosídeo são de ocorrência comum em vegetais. Já o 2-metil-pentano-2,4-diol embora seja uma substância simples, é de ocorrência rara como produto natural5. Esse foi o primeiro registro da epigalocatequina-(27,48)-epicatequina, uma proantocianidina do tipo A2.

As substâncias isoladas tiveram suas atividades antioxidantes avaliadas pelo método da auto-oxidação do b-caroteno6. Os valores de atividade obtidos (AA) foram comparados com agentes oxidantes bem conhecidos. Os flavonóides 4a e 4b apresentaram AA= 12 e a epicatequina, AA=29. Já a proantocianidina 1 apresentou AA=35, atividade intermediária entre os padrões a-tocoferol (AA= 27) e propilgalato (AA= 43).



2

1




3

4a : R= H, R1= Gli

4b : R= Gli, R1= Me


Referências:

  1. Correa, M. P., Dicionário das Plantas Úteis do Brasil e das Exóticas Cultivadas, Imprensa Nacional, v. II, III e V, Rio de Janeiro (1984).

  2. Batista, J. S. et al. (1995) Journal of Ethnopharmacology 45, 207.

  3. Jenkins, T. et al. (1999) Phytochemistry 52 (4), 723-730.

  4. Barret, M. W. et al. (1979) Journal of Chemical Society. Perkin I , 2375.

  5. Jia, Z. J. et al. (1992) Phytochemistry 31, 199.

  6. Hidalgo, M. E. et al. (1994) Phytochemistry 37, 1585.

CAPES,CNPq/PNEPG